quarta-feira, 28 de novembro de 2007


por Lu Lemasson
A contracultura nascida nos anos 60 já não existe. “Paz e amor”, flores e motivos psicodélicos não são mais sinônimos de oposição e rebeldia. Os hippies e os líderes dos movimentos contra as sociedades hipócritas ficaram para trás. Grande parte dos adolescentes estão alienados e não se interessam mais pela política como os que conspiraram contra a ditadura de 68 no Brasil. Aliás, os jovens de todo o mundo estão cada vez mais parecidos, numa busca frenética pelo inusitado, seja ele o que for. E é na pele desses “desencanados” que vive a contracultura dos dias de hoje.
Alternativa: essa é a nova ordem. Os ensinamentos do mestre Timothy Leary estão mais atuais do que nunca. O “surfar no caos”, que uma vez se referia ao uso de LSD para “abrir” a mente, é seguido à risca pela mocidade do espaço cibernético.

A constante da nova contracultura parece ser a desestruturação do que existe. Não é uma questão de mudar a roupagem e arrepiar os cabelos como os punks fizeram no início dos anos 90. O rock, símbolo da rebeldia dos anos 60, hoje é um mosaico de tendências musicais, tantas quantas são as tribos, grupos de jovens que sugerem novos valores e se destacam pela autenticidade.

A contracultura atual não tem um objetivo comum como a que combateu a guerra do Vietnã. Os adolescentes de hoje nem sempre crescem ouvindo a mensagem do consenso geral, uniforme, construída e transmitida por uma mídia centralizada. Agora existem tevês a cabo e Internet. Para os jovens internautas, estar informado atualmente não é ler os jornais com as notícias do dia. A quantidade de informação disponível é tão grande que já existem cursos que ensinam a selecioná-la. Para eles, a qualidade das informações e o debate sobre as mesmas são mais importantes que o volume.






PS: A critica acima é exatamente tudo que eu sempre quis falar. E esse PROJETO MACABEA era o que faltava no país, espero que prossiga com sucesso.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

E vou confessar agora tudo o que sinto, me deu uma vontade louca de dizer... Será que alguém sabe como é ouvir a voz de quem não se conheceu? Sentir a dor, tristeza e solidão? Por meio de tantas palavras melancolicas ou apaixonantes, é tudo o que eu sinto, cada vez que sento-me e abro um pequeno livro de contos do Caio, a intimidade que juro ter com ele, e por Deus, eu sei, eu sinto, nos conhecemos e foi bem, bem lá no fundo eu sei que nos conhecemos. Só espero que possamos nos (re)encontrar o quanto antes, sinto tanta falta....

- Mandei para a lavanderia os lençóis verde-clarinhos que ainda guardavam o cheiro de Ana - e seria cruel demais para mim lembrar agora que cheiro era esse, aquele, bem na curva onde o pescoço se transforma em ombro, um lugar onde o cheiro de nenhuma pessoa é igual ao cheiro de outra pessoa (...)


Os Dragões não conhecem o paraíso - Caio F.
Ps: Lembro-me de ti quando ouço coisas sobre cheiros e gostos de pessoas, acho que é porque tu me ensinou a sentir as coisas, pessoas de maneira diferente.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Em um requebrado de quadril sensual no ritmo do batuque de Salvador, Lázaro Ramos interpreta muito bem seu papel dando força à história do filme. Apesar do fundo social, o enredo é mais um relato da vida cotidiana dos vizinhos de Roque, um artista aspirante a cantor, que mora em um cortiço no Pelourinho. As questões da desigualdade social, da violência e do racismo estão presentes, mas as cores da Bahia, a música e a linguagem estão tão destacadas que ofuscam a intensidade dos problemas apresentados. E como é brilhante o desenrolar do filme, fazendo a minha admiração pelo Lázaro Ramos e Wagner Moura apenas aumentar. E cada dia que passa o cinema nacional nos presenteia com filmes magnificos. O próximo que preciso assistir é " Onde andará Dulce Veiga? ", adaptação de um conto do Caio Fernando Abreu.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

" Quando me apaixono, me apaixono por um ser humano.
Eu não vejo um homem ou uma mulher, uma pele negra ou branca, um adolescente ou um cinqüentão, mas uma alma da qual sou o complemento."

(Angie Jolie)
Antes da tua chegada, eu era comprometida com uma vida triste e sem cor. Confesso-te que demorei um tanto para enxergar que nossas vidas já estavam entrelaçadas, e naquele dia frio e com o céu, que bem me lembro, estava cinza ( como o meu coração) tu estavas apoiando-se em um pequeno muro azul, e reclamau baixinho: - Preciso de um amor. E eu, sem ao menos saber o porque da minha resposta, disse calmamente: - Eu posso ser o teu amor, se quiseres. E apartir desse momento nossas vidas se uniram e meu mundo, antes feio, transformou-se em paraíso, com cor de arco-iris e o céu, desde que te beijei, tem tons azul clarinho (como a tua blusa), és tu a única pessoa responsavel por tantos momentos felizes na minha pequenina vida.

Ps: E todas as rimas, versos, prosa ou cancões eu dedico a ti, o encanto dos meus sonhos.

- Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar. Eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa, eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê....


(Caio Fernando Abreu)



Ps: Sabes bem o que tento expressar tornando as palavras do Caio as minhas. Nunca me apaixonei por alguém que fosse tão inexplicavelmente parecido comigo.